Mas eu vi uma vez um buruçu
com um sujeito metido a valente
Desses que botam medo na gente
Da gente piscar com o cu
Era um dia de sol no litoral
E estavamos em pleno feriado
Todo mundo sujo e suado
Na Ilha de Itamaracá
Só tinha água mesmo salgada
Na torneira nem vento saía
Eu suado então fedia
E precisava de uma lavada
Fui onde tinha água na cidade
No morro perto do mangue
Tomei uma pra espalhar o sangue
E fui me fazer uma caridade
Segui então para o poço
de onde saía a água cristalina
Era menino e menina
Velha, velho e moço
Passei então pela vila
Subindo a ladeira no escuro
E seguindo então pelo muro
Tomei um susto com a fila
Ia de um quarteirão a outro
O tamanho daquilo tudo
Quase pensei no absurdo
De só tomar banho em agosto
Fiquei em pé então esperando
Com meu balde na mão conversando
Com os amigos também imundos
Mas a fila não estava andando
Foi então que vi o fato
Um sujeito gordo e alto
Sentado na frente da torneira
Tomando banho dessa maneira
Sem se importar com a gente
Pegava seu balde levantava
E de besta a gente ficava
Sem poder seguir pra frente
Foi então que veio a resposta
Dois magrinhos surgiram do nada
E insultaram o grandão que ficava
Sem ligar pra fila cansada
O fortão nem ligou, mas fez um aceno
Como que desprezando os pequenos
Que queriam seu banho tomar
E ali ficou sem nem ligar
Os rapazes começaram a bater
Foi tapa, tabefe e pezada
No sujeito que saiu rebocado
Correndo com um medo danado
Foi tanta porrada no indecente
Que deu dó mas saiu vaiado
Levou dois baques no rego, o coitado
E desapareceu no poente
Saiu todo nojento e melado
Tomando uma lição para sempre
Aprendeu a respeitar uma fila
E foi uma alegria na vila
Sendo aplaudidos, os caceteiros
É desses heróis brasileiros
Que faz que nosso país vibre
E né que eles eram de Camaragibe.
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