terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Valentão que furou a fila do banho da cacimba da Ilha de Itamaracá

Mas eu vi uma vez um buruçu
com um sujeito metido a valente
Desses que botam medo na gente
Da gente piscar com o cu

Era um dia de sol no litoral
E estavamos em pleno feriado
Todo mundo sujo e suado
Na Ilha de Itamaracá

Só tinha água mesmo salgada
Na torneira nem vento saía
Eu suado então fedia
E precisava de uma lavada

Fui onde tinha água na cidade
No morro perto do mangue
Tomei uma pra espalhar o sangue
E fui me fazer uma caridade

Segui então para o poço
de onde saía a água cristalina
Era menino e menina
Velha, velho e moço

Passei então pela vila
Subindo a ladeira no escuro
E seguindo então pelo muro
Tomei um susto com a fila

Ia de um quarteirão a outro
O tamanho daquilo tudo
Quase pensei no absurdo
De só tomar banho em agosto

Fiquei em pé então esperando
Com meu balde na mão conversando
Com os amigos também imundos
Mas a fila não estava andando

Foi então que vi o fato
Um sujeito gordo e alto
Sentado na frente da torneira
Tomando banho dessa maneira

Sem se importar com a gente
Pegava seu balde levantava
E de besta a gente ficava
Sem poder seguir pra frente

Foi então que veio a resposta
Dois magrinhos surgiram do nada
E insultaram o grandão que ficava
Sem ligar pra fila cansada

O fortão nem ligou, mas fez um aceno
Como que desprezando os pequenos
Que queriam seu banho tomar
E ali ficou sem nem ligar

Os rapazes começaram a bater
Foi tapa, tabefe e pezada
No sujeito que saiu rebocado
Correndo com um medo danado

Foi tanta porrada no indecente
Que deu dó mas saiu vaiado
Levou dois baques no rego, o coitado
E desapareceu no poente

Saiu todo nojento e melado
Tomando uma lição para sempre
Aprendeu a respeitar uma fila
E foi uma alegria na vila

Sendo aplaudidos, os caceteiros
É desses heróis brasileiros
Que faz que nosso país vibre
E né que eles eram de Camaragibe.

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