terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A casa de esquina

Apesar de sentir tempestades de remorsos
A exovalhar meu peito carcomido
Eu permito ...

Deixo que derrubem esta casa

Derrubem mesmo esta casa
ela está repleta de assombrações
e visagens de outros mundos

Na velha mercearia, há um avô que faz embrulhos com jornal
e semeia botijas incontáveis pelos cantos

No quintal um tio sorridente e bondoso
lavando desesperadamente seu novo carro,
prelúdio de cópulas, concupiscências e abandonos

Na sala de visitas, um pai honesto e hostil
ensaiando eternamente um novo grito e outro flagelo


No primeiro quarto, uma avó deitada
sempre me contando estórias de amores impossíveis

Na sala de jantar, o belo espectro de minha tia
passionalmente desfalecida com sua taça de cicuta
ainda clamando o nome de seu amado

No quintal dos fundos, um outro tio
perseguindo ratos e seus queijos
pelo vácuo parasita da eternidade

Derrubem esta casa
Tijolo por tijolo
Apesar de lágrimas nos olhos
e coração maltrapilho
Eu o permito

Na copa, uma prima-tia
Completamente enlouquecida
Com sua voz rouca
e olhos arregalados
recitando-me poemas tétricos absurdos

Debaixo da cama, assustado
Um menino morcego
Espiando a rotina se arrastando pelos anos sem fim
Ainda vivo, mas insone
Lendo no escuro
Alfarrábios de tempos de outrora


Não o procurem
Deixem o menino sonhar
E voar com suas asas de crepom
pelo céu do infinito
Antes que seja tarde
E que lhe caia crucialmente
O pesado caibro de toda cruz e de toda culpa
inexistente

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano Novo

Renasceremos
Tudo em branco
Na folha nova desta vida

Reinicie seus espelhos
Silencie os ruídos vagos
Desta alma renovada

Novas esperanças
Novas crenças
De paz no mundo
e força nos sonhos

Meu bem não desanimes,
O caminho se refaz
a cada passo

Cabeça erguida
Pés firmes
Braços inquietos

Dance o seu dia
Com todas as forças do teu cosmos
Eu e você estamos sendo

Queira
Mas queira mesmo
Sinceramente
Apaixonadamente
Que tudo o que já é seu
Te encontrará a qualquer momento.