sexta-feira, 17 de julho de 2015

Novo formato

Doravante, buscarei postar um poema e uma imagem. Imagens minhas e de amigos, que inspirem novos poemas ou se adequem aos já existentes.


Magal Melo

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Abissal

Buracos e abismos profundíssimos
De onde, da borda, aflito e ansioso
Vejo conterrâneos submersos
No temor de amar expirando pelos poros
Os olhos serenos na secura explícita
Almas noturnas vagam ao léu
Abandonadas nas ruas sem futuro

Crateras imensuráveis na mente
No cérebro daquele que da poltrona
Sem criatividade, paixão e desatino
Assume o compromisso da liderança
Ordenando outros reles famintos

Vejo jovens rastejando
Implorando por pedaços
De sonho, paixão e ternura
Juventude sem cultura
Na profundidade daquela alma
O que se enxerga é o nada
Nos olhos vazios e alertas
Para o próximo furto

domingo, 11 de julho de 2010

A morte de um jovem

A morte rondou a cidade
E levou mais um entre seus braços
Era jovem, muito recente
E tinha sonhos e desejos incontáveis
O carregou envolto de suas asas negras
Para o jardim do além
Onde estaremos um dia

Entre rios de lágrimas e desesperos
Da alma subtraída, dos netos não vindos
Da alegria sem perspectiva
O que resta de tudo aquilo?

Aquele pai com as mãos em prece
Sem explicação ele se foi
O que fazer do silêncio que ficou na casa?
Suas roupas, seus livros
Seus discos prediletos?

Teve pressa, não deixou o tempo do preparo
No seu pobre coração fez algo com seus dedos longos
E parou as engrangens frágeis desse inconstante motor
E devorou, junto com a noite, aquele pedaço de vida

O que dizer aos amigos?
Que lição se tira?
Que a vida é frágil mesmo?
Ou que temos que viver intensamente
Como se hoje fosse o fim dos tempos?

E naquela noite não houve estrela.

sábado, 27 de março de 2010

Sábado

Mais de mil anos, mesma estória
Estendida nestes alfarrábios empoeirados
Aquele desejo outra vez negado
Essa voz delicada, esse manto incauto
Essa dor ensimesmada
Fez ressurgir dragões devoradores de sonhos
Cuspidores de acalantos de fogo
Nessa verdade quase desmentida

Cânticos dos abismos afloram desta boca
E em silêncio você me acompanha e acredita
De cabeça baixa ruminando relva

Empresto os meus pés pra te levar
Tome este caminho siga comigo
Por este rio perdido...

Queres ser ovelha ou senda iluminada?
Pegue este cajado desfolhe esta garganta
Comece sendo pedra e vá aos poucos aprendendo
Seja rio, seja cio, seja ócio
E flua em silêncio pelos mares

E esta dor? Esta angústia
Com gosto de luminescência
Que começa pelos pés
E vai crescendo sábado afora
Só brilha, só cintila, só vislumbra
Se for canto de corpo todo
E alma em pólvora desmedida

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Amor Inconteste

Amo-te, tanto, tanto meu amor
E dele não há quem duvide
Que na força desse amor
Toda natureza progride

E assim sendo e sonhando
Mil provas hei de te dar
Mesmo sabendo o amor
Não precisa comprovar

Basta ser sincero no gesto
Abraço forte, no olhar
No pulsar das palavras doces

Que sempre hei de dar
E nos passos que a vida
Nos ensinar a caminhar

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Boi de Dora

O que será isso que vem vindo ?
De longe um estrondo se escuta e
Um rio rubro-negro se avista
Escorrendo do Alto Santo Antônio.

“_Boa Noite meu senhor,
Boa noite minha senhora ...
Esse boi que chegou agora
É o Boi de Dona Dora...”

Fazia do carnaval um sonho
De todos que ali se encontravam.
Não havia hora marcada,
Nem precisava comprar senha.
Era ver, ouvir e se envolver
Inesquecivelmente por toda vida


Olha o boi! Olha o boi! Olha o boi!
Lá vem o Boi de Dora
Arrastando a multidão em festa.
Tomando conta da rua curiosa
Pulando a cantar num só ritmo.

- Corre, Magal, lá vem a burra doida !

E meu coração batendo forte
Na pulsação dos tambores e taróis ...
Toins que dom!, toins que dom!.....
Môôôôôônnnn, uma corneta ressoava
Imitando um mugido....
Era o boi tomando vida,
Era a vida pulsando em loas.

As crianças brilhavam nos olhos
E o Mateus figura imponente
De enorme lança na mão,
Majestosamente fazia mesuras.
E o boi rodopiava, dançava em círculos,
Dava chifrada nos moleques que puxavam
Seu rabo,
Jogava a cauda em cipoadas no vento.

- Olha o morto-carregando-o-vivo !!!!
- Olha o bebo dançando de um pé só!




A mulata mais bonita do morro
Carregava o porta estandarte
Com toda maestria.
Não importando quem antes era,
E sim a rainha que se mostrava.


Oi, Oi, Oi,
Essa nêga ta de boi !
Oi, oi, oi
Essa nêga ta de boi ! ....

E a cidade em festa
Celebrava com seu canto
Aquele pedaço de imortalidade
Deslumbrada no renascer de toda gente.

domingo, 31 de janeiro de 2010

The End

No início da noite dos tempos, o artista
abre as cortinas do pensamento,
e cavalga em suas patas de fogo
sobre o miúdo universo em caos.
O espaço todo transita sua essência
na gota de água esquecida numa
pétala vermelha de sempre-viva.

O artista expele a aurora
como um eu que extravasou em silêncio.
Suave, comedida, ao longo das pernas,
no afago suave de uma brisa delgada,
Escorrem querências.
E, o sol com sua doce língua,
acaricia o horizonte ali revelado.

Sob a obra, uma lacuna abissal.
Moedas espalhadas pela calçada,
caminhos e efluentes distintos.
Formigas aladas devoradoras de medo
e dragões famintos ladrões do tempo
rasgam a tinta da boa vontade.
Mas, antes dos maremotos cabais,
temporais de desejos emergem
em melodias do paraíso perdido
nas asas de uma borboleta azul.