quinta-feira, 22 de julho de 2010

Abissal

Buracos e abismos profundíssimos
De onde, da borda, aflito e ansioso
Vejo conterrâneos submersos
No temor de amar expirando pelos poros
Os olhos serenos na secura explícita
Almas noturnas vagam ao léu
Abandonadas nas ruas sem futuro

Crateras imensuráveis na mente
No cérebro daquele que da poltrona
Sem criatividade, paixão e desatino
Assume o compromisso da liderança
Ordenando outros reles famintos

Vejo jovens rastejando
Implorando por pedaços
De sonho, paixão e ternura
Juventude sem cultura
Na profundidade daquela alma
O que se enxerga é o nada
Nos olhos vazios e alertas
Para o próximo furto

domingo, 11 de julho de 2010

A morte de um jovem

A morte rondou a cidade
E levou mais um entre seus braços
Era jovem, muito recente
E tinha sonhos e desejos incontáveis
O carregou envolto de suas asas negras
Para o jardim do além
Onde estaremos um dia

Entre rios de lágrimas e desesperos
Da alma subtraída, dos netos não vindos
Da alegria sem perspectiva
O que resta de tudo aquilo?

Aquele pai com as mãos em prece
Sem explicação ele se foi
O que fazer do silêncio que ficou na casa?
Suas roupas, seus livros
Seus discos prediletos?

Teve pressa, não deixou o tempo do preparo
No seu pobre coração fez algo com seus dedos longos
E parou as engrangens frágeis desse inconstante motor
E devorou, junto com a noite, aquele pedaço de vida

O que dizer aos amigos?
Que lição se tira?
Que a vida é frágil mesmo?
Ou que temos que viver intensamente
Como se hoje fosse o fim dos tempos?

E naquela noite não houve estrela.