quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Eu

“Ao poeta augusto dos Anjos”

Eu, Eu, Eu

Transcendente e abjeto

Polífono, acústico e sintético

Eu perifrástico e ignoto

Roto, escroto

Eu transistor e mentecapto

Absinto, abstrato

Eu simplesmente eu

“Yo non tengo la plata”

Eu circunspecto, incircunciso

Real, aéreo, indeciso

Eu cerne do universo

Tutano do mundo

Tristereza, marimbundo

Agora e depois

I am ...

Mictorium

Latrinário

Vislumbrorium

Divisado

Eu ...

Transnordestino

Metropolitano

Brejeiro

Tranqüilo, paciente e arengueiro

Eu simplesmente

Nexo, entre o côncavo e o convexo

Entre o que calo

A porrada e o estalo

Sinto-me apenas sendo

Eu...

Passando ...

Escrevivendo ...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Madrugadas


Tínhamos assuntos infindáveis

Noite a fora, copos de vinhos sobre as mesas

Ou apenas a friagem e o orvalho da noite
Somos irmãos de umbigo pelo universo

E de verso somos primos terceiros
Fora a distância, os pés cansados

Os bolsos sempre secando
e a saudade incansável,
Nossa amizade prevalece

As palavras reproduziam textos

Os textos sentimentos, atos e abraços

Com sabor de irmandade calorosa

Noite a fora íamos descontruindo a madrugada

Que torcíamos para que esta não se fosse

E agora como estamos?

Se o diálogo interrompido pela roda viva,

Pelos gametas, tradições de correntes e coleiras

Se processa, agora, apenas telepaticamente no infinito

Mas um dia quando a maturidade apontar

E nossas rugas escreverem a verdade aos nossos olhos

Veremos escritos no livro da eternidade

Que o que importa nesta vida

É o que menos se dá importância

Voltaremos, então, ao ciclo de transcendência mútua

Nutrida vorazmente pela reciprocidade de nosso verbo.