sábado, 27 de março de 2010

Sábado

Mais de mil anos, mesma estória
Estendida nestes alfarrábios empoeirados
Aquele desejo outra vez negado
Essa voz delicada, esse manto incauto
Essa dor ensimesmada
Fez ressurgir dragões devoradores de sonhos
Cuspidores de acalantos de fogo
Nessa verdade quase desmentida

Cânticos dos abismos afloram desta boca
E em silêncio você me acompanha e acredita
De cabeça baixa ruminando relva

Empresto os meus pés pra te levar
Tome este caminho siga comigo
Por este rio perdido...

Queres ser ovelha ou senda iluminada?
Pegue este cajado desfolhe esta garganta
Comece sendo pedra e vá aos poucos aprendendo
Seja rio, seja cio, seja ócio
E flua em silêncio pelos mares

E esta dor? Esta angústia
Com gosto de luminescência
Que começa pelos pés
E vai crescendo sábado afora
Só brilha, só cintila, só vislumbra
Se for canto de corpo todo
E alma em pólvora desmedida

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