quinta-feira, 17 de abril de 2008

Réquiem para uma cidade entre o caos e o desejo

Sou um palhaço sem futuro
Tropeçando pelos becos
Dos prostíbulos encharcados
Se descascando sob a chuva
De facas, fel e foices
No submundo dos excluídos
Em meio ao bombardeio da ganância

Contra mim latem os cachorros
Com quem disputo o meu almoço.
Entre mendigos, cheira-colas,
Prostitutas e bandidos,
Eu degusto o que nos sobra dos banquetes dos poderosos.

De onde vem o meu sorriso?
Da mais profunda ironia no enxergar dos absurdos.
Ai meu Recife, quantos medos e desejos de ti eu construí.

Entre a surpresa da altura imponente dos arranha-céus e
O sofrimento absurdo
Dos manguezais soterrados.

Meu sorriso vem da força pura da marginália em movimento.
Entre o desejo lancinante da utopia e a fria realidade.
Do meu sarcasmo de saber que as vitrines
São limites entre dois mundos.
O dos que querem
E o dos que podem.

Ai, ai Recife, picadeiro em chamas,
Ensaio um novo sorriso entre os escombros.

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